O câncer é uma doença que assusta, principalmente porque, até algumas décadas atrás, a maioria dos casos era descoberta já em estágio avançado. Todos os dias, a área da Saúde avança em relação aos diagnósticos, tratamentos e conhecimentos sobre o tema. Porém, uma pergunta ou inquietação surge com frequência: “por que tantas pessoas estão com câncer?”.
O oncologista Ecio Rosado Júnior, que atua no Grupo Oncoclínicas, em São Paulo (SP), explica que embora realmente exista um aumento no número de diagnósticos, esse crescimento é resultado de uma combinação de fatores, como envelhecimento da população, estilo de vida e até mesmo mais acesso à informação.
Segundo o estudo Estimativa de Incidência de Câncer no Brasil, do Instituto Nacional de Câncer (Inca), o país deve registrar cerca de 704 mil novos casos por ano no triênio 2023–2025, com destaque para as regiões Sul e Sudeste, que concentram cerca de 70% da incidência.
O médico Ecio Rosado explica que o primeiro ponto para entender o aumento de diagnósticos de câncer é o envelhecimento da população. Uma vez que as pessoas estão vivendo mais, aumenta a probabilidade de, ao longo da vida, terem câncer.
Ele traz como exemplo o câncer de pele:
“O principal fator de risco é exposição solar à radiação ionizante. Então, se você vive mais, você tem mais tempo de acúmulo de exposição à radiação. Consequentemente, aumenta o risco de desenvolver câncer de pele”, exemplifica o médico.
Outro ponto muito importante apontado pelo oncologista é o estilo de vida associado a fatores de risco, como tabagismo, consumo de bebida alcóolica e aumento da obesidade.
“As pessoas têm uma vida mais corrida, então são mais sedentárias, se alimentam com menos frutas e verduras, por exemplo, e mais alimentos industrializados, que muitas vezes têm substâncias mais tóxicas”, contextualiza Ecio Rosado.
Foto: arquivo pessoal
Além desses fatores, outra questão que leva ao aumento de registros de casos diagnosticados é a melhora da qualidade dos exames e o acesso da população à informação e à saúde.
“Atualmente, existem exames melhores para se detectar o câncer. Ao mesmo tempo, existe mais acesso à informação”, contextualiza.
O médico comenta sobre o câncer colorretal como exemplo:
“A população tem mais acesso à informação de que a alterações do hábito intestinal, como o sangramento ao evacuar, podem estar relacionadas com esse tipo de câncer. Então, o fato de terem mais noção e de os exames serem melhores tornam mais fácil se chegar ao diagnóstico, quando comparamos com como acontecia antes, quando muitas pessoas morriam e não sabiam que tinham essa doença”, esclarece.
Enquanto isso, é possível hoje fazer biópsias de tumores muito pequenos em localizações muito difíceis.
“Como antes não havia recursos diagnósticos como hoje, muitos pacientes sequer tinham a chance de iniciar tratamento. Muitas vezes, nem chegavam a ter o diagnóstico”, finaliza o oncologista Ecio.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), ao menos 30% dos casos de câncer são evitáveis com mudanças no estilo de vida. Confira ações recomendadas:
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