Produtos que imitam alimentos tradicionais: alternativas econômicas ou riscos à saúde?

Produtos que imitam alimentos tradicionais: alternativas econômicas ou riscos à saúde?

Com a recente alta nos preços de alimentos básicos, como o café, muitos consumidores têm buscado alternativas mais acessíveis. Apesar da necessidade para o bolso, é fundamental ter atenção às diferenças entre os produtos tradicionais e suas versões similares, tanto em termos de composição quanto de valor nutricional.

Nas últimas semanas, ganhou destaque nas redes sociais um produto apelidado de “cafake” — um pó para preparo de bebida à base de café. Embora sua embalagem seja semelhante à do café tradicional, a composição inclui cascas, paus e outras impurezas, o que o difere significativamente do café puro, que é exclusivamente extraído do grão torrado e moído. Além disso, segundo a Associação Brasileira da Indústria do Café (Abic), esse produto não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Outras alternativas no mercado

Além do “cafake”, outros produtos similares têm surgido como opções mais baratas, especialmente em períodos de inflação elevada. Alguns exemplos incluem:

  • Composto lácteo vs. leite em pó: o composto lácteo contém ingredientes como soro de leite e amido, o que resulta em menor concentração de proteínas e gorduras em comparação ao leite em pó integral.
  • Bebida láctea vs. leite: a bebida láctea é uma mistura de leite com soro de leite e outros aditivos. Tem menor teor nutricional que o leite puro.
  • Mistura láctea condensada vs. leite condensado: produtos que combinam soro de leite com açúcar e gorduras vegetais. Difere do leite condensado tradicional em sabor e valor nutricional.
  • Queijo muçarela processado: produto que contém menos leite e mais aditivos, diferente do queijo muçarela tradicional.

Esses produtos são permitidos pela legislação, desde que suas embalagens informem claramente que não se tratam dos itens originais. No entanto, a semelhança visual pode induzir o consumidor ao erro.

Importância do rótulo e da informação ao consumidor

A legislação brasileira exige que os rótulos dos alimentos apresentem informações claras sobre sua composição. Em 2020, a Anvisa implementou novas normas de rotulagem nutricional, incluindo a rotulagem frontal, para auxiliar os consumidores na identificação de altos teores de nutrientes críticos, como açúcares adicionados, sódio e gorduras saturadas.

Contudo, embalagens de produtos similares muitas vezes se assemelham às dos originais, o que pode confundir o consumidor. Portanto, é fundamental ler atentamente a lista de ingredientes e a tabela nutricional para entender exatamente o que está sendo adquirido.

Produtos que imitam alimentos tradicionais geralmente possuem diferenças significativas em sua composição nutricional. Por exemplo, substitutos lácteos podem conter mais aditivos e menos nutrientes essenciais. O consumo frequente desses produtos pode impactar a qualidade da dieta e, consequentemente, a saúde.

Dicas para consumidores

Para fazer escolhas mais conscientes:

1. Leia os rótulos: verifique a lista de ingredientes e a tabela nutricional. Produtos com muitos aditivos, como corantes e aromatizantes, são considerados ultraprocessados e devem ser consumidos com moderação.

2. Observe a denominação do produto: termos como “bebida à base de…”, “composto” ou “mistura” indicam que o produto não é 100% do alimento original.

3. Compare produtos: avalie diferentes marcas e versões para identificar diferenças na composição e no valor nutricional.

4. Esteja atento ao preço: preços muito abaixo da média podem indicar produtos de qualidade inferior ou com composição diferente do esperado.

Fontes: Anvisa e Ministério da Saúde

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