Quem é a missionária brasileira premiada pela ONU pela dedicação aos refugiados

Quem é a missionária brasileira premiada pela ONU pela dedicação aos refugiados Foto: reprodução Vatican News

“Essas pessoas não planejaram deixar o país, não são turistas que planejam uma viagem. São forçadas a abandonar tudo o que construíram ao longo da vida de um momento a outro”. Essas são palavras da religiosa brasileira e advogada Irmã Rosita Milesi, de 79 anos, que foi agraciada este mês com o Prêmio Nansen do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) em 2024.

Com mais de 40 anos de dedicação à causa dos migrantes e refugiados, Irmã Rosita, que nasceu no Rio Grande do Sul, realiza um trabalho humanitário que se destaca no mundo em favor das pessoas que, em busca de segurança e dignidade, encontram no Brasil uma chance de recomeçar.

Em Genebra, Suíça, onde recebeu o prêmio, a missionária compartilhou com a Rádio Nacional sua alegria em ser reconhecida e falou que o prêmio pertence não apenas a ela, mas a todos que, ao longo da trajetória, contribuíram para a proteção e acolhida dos refugiados.

Décadas de trabalho pelos refugiados

Desde 1985, Irmã Rosita tem lutado para ampliar os direitos dos refugiados no Brasil. Em uma época em que o país seguia apenas a Convenção de Genebra de 1951, que tratava da proteção de pessoas perseguidas por raça, religião, opinião política ou grupo social, ela foi fundamental para a expansão da legislação brasileira. Sua atuação contribuiu para que, em 1997, o país sancionasse a Lei dos Refugiados, que incluía a proteção a pessoas forçadas a deixar seus países por violações graves de direitos humanos.

“Defendemos a inclusão de um inciso que assegurasse que, também, pessoas que fugissem de violações generalizadas de direitos humanos poderiam ser reconhecidas como refugiadas. Graças a Deus, essa ampliação é uma realidade que beneficia milhares de pessoas no Brasil hoje”, explicou.

Dos quase 140 mil refugiados que o Brasil acolhe atualmente, cerca de 135 mil têm sua condição reconhecida com base nessa mudança na lei.

Além de seu trabalho com a legislação, Irmã Rosita atua diretamente no apoio e acolhimento aos refugiados por meio do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), que ela fundou. Com sedes em Brasília e Roraima, o instituto oferece assistência para documentações, moradia, alimentação, saúde e formação para milhares de pessoas que chegam ao Brasil. Pessoas refugiadas não chegam planejando uma nova vida. Estão fugindo de guerras, perseguições e violações de direitos humanos.

Irmã Rosita também enfatiza a importância da integração dos refugiados às políticas de capacitação e emprego no país, pois entende que o acolhimento é o primeiro passo, mas a integração ao mercado de trabalho é essencial para que essas pessoas possam retomar suas vidas de forma digna. Segundo ela, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer em termos de políticas de inclusão, mas os avanços já alcançados são sinais de esperança.

Este ano, a religiosa se junta a outras quatro mulheres que foram reconhecidas com prêmios regionais por suas ações humanitárias. Maimuna Ba, de Burkina Faso; Jin Davod, empresária de origem síria; Nada Fadel, refugiada sudanesa; e Deepti Gurung, do Nepal, foram destacadas por suas contribuições na busca por soluções para a crise de refugiados em diferentes partes do planeta. Além delas, a Moldávia recebeu uma menção especial por sua resposta solidária à crise humanitária na Ucrânia.

O Prêmio Nansen, estabelecido em 1954, é uma das maiores homenagens globais para indivíduos e organizações que se dedicam à proteção de refugiados e migrantes. Irmã Rosita é a segunda brasileira a receber a honraria, após o ex-arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, em 1985. O prêmio leva o nome do explorador e humanitário norueguês Fridtjof Nansen, que foi o primeiro Alto Comissário para Refugiados da Liga das Nações e trabalhou para repatriar prisioneiros e proteger os refugiados.

Para Irmã Rosita, o prêmio é um incentivo para seguir sua missão:

“Sou inspirada pela crescente necessidade de ajudar, acolher e integrar refugiados. Não tenho medo de agir, mesmo que não alcancemos tudo o que queremos. Se assumo algo, vou virar o mundo de cabeça para baixo para fazer acontecer”, afirma em entrevista ao portal G1.

Em 2022, o Papo IDe+, fruto de uma parceria com a TV Evangelizar, abordou o tema. Leia e assista: “Migrantes: sentimentos e acolhimento”, episódio de estreia do Papo IDe+.

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