Sem diagnóstico e entre a vida e a morte, Lucas sobreviveu graças à doação de sangue e à fé

Sem diagnóstico e entre a vida e a morte, Lucas sobreviveu graças à doação de sangue e à fé Foto: arquivo pessoal

Uma forte dor de cabeça, cansaço extremo e um sono incontrolável. Era véspera do feriado da Páscoa de 2025 quando Lucas Ruam Mendes da Silva, 34 anos, analista de RH na Associação Evangelizar É Preciso, começou a sentir que algo estava errado com seu corpo. O que ele não imaginava é que viveria uma das experiências mais desafiadoras — e transformadoras — de sua vida. Após semanas sem um diagnóstico preciso, internação na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e diversas transfusões de sangue e plasma, Lucas sobreviveu graças à fé, aos profissionais da saúde e à solidariedade de centenas de pessoas que se mobilizaram por sua vida.

“Eu comecei a dormir já no carro, indo para a praia. Dormi por quase três dias inteiros, comendo pouco, sem fome. Achávamos que era dengue. Passei por dois médicos que confirmaram isso, mas eu não fiz exames específicos. Quando voltei para Curitiba, o hemograma deu todo alterado. Me internaram na hora”, relata.

A partir daí, o quadro se agravou: os batimentos cardíacos caíram drasticamente, os rins começaram a falhar e as plaquetas despencaram. Ele corria grave risco de vida e foi direto para a UTI.

Foram 19 dias na UTI, entre quedas constantes dos índices vitais e sessões intensivas de plasmaférese — procedimento que troca o plasma do sangue e exige grande volume de doações.

“Cada dia eu recebia de 30 a 40 bolsas. Meu corpo não estava mais conseguindo produzir com qualidade. A doação de sangue salvou minha vida”, afirma.

Nesse cenário, amigas de Lucas resolveram iniciar uma mobilização pelas doações.

A solidariedade se multiplicou nas redes sociais e entre colegas de trabalho.

“Tinha fila pra doar, pessoas indo em outras cidades. Um técnico chegou pra mim e disse: ‘parabéns, Lucas, você conseguiu fechar o estoque. E com o excedente, salvamos outras vidas’. Ouvir isso foi muito forte”.

Uma das pessoas que participaram da mobilização pela doação de sangue foi a jornalista Izabela Scorsin, que trabalha com Lucas na Associação Evangelizar É Preciso.

“Minha primeira doação foi há alguns anos, mas como é uma prática feita de meses em meses, acabei esquecendo e não doando mais. Porém, a situação do Lucas me tocou muito e me fez lembrar da importância desse gesto. Doar sangue é um ato de amor e solidariedade que pode salvar até quatro vidas com uma única doação. É um processo simples, rápido e praticamente indolor. Em poucos minutos, você pode fazer uma enorme diferença”, contou Izabela.

A jornalista Izabela Scorsin foi uma das muitas pessoas que atenderam ao chamado para a doação de sangue./Foto: arquivo pessoal

Ela conta que o fato de Lucas ser alguém próximo mexeu com ela.

“Ele é aquela pessoa animada, que marca presença. Saber que minha doação poderia contribuir para sua recuperação me fez muito bem ao coração. Foi um gesto que me lembrou da importância de estar disponível para o outro, comentou a jornalista, que agora pretende doar com mais regularidade. “Já até marquei no meu calendário o próximo mês. Nunca sabemos quando um amigo ou familiar vai precisar dessas gotinhas preciosas”.

Fé entre a vida e a morte

Internado e em estado gravíssimo, Lucas se apegou à fé:

“Todos os dias, eu me agarrava a Deus. Vi gente morrendo ao meu lado. No dia que recebi alta da UTI, foi o pior. Um senhor ao meu lado já estava em óbito, e do outro lado, uma senhora estava entrando em parada. Eu li o Salmo 91 e apaguei. No dia seguinte, minha melhora começou. Foi como um milagre”.

“Tu que habitas sob a proteção do Altíssimo, que moras à sombra do Onipotente, dize ao Senhor: Sois meu refúgio e minha cidadela, meu Deus, em que eu confio. É ele quem te livrará do laço do caçador, e da peste perniciosa. Ele te cobrirá com suas plumas, sob suas asas encontrarás refúgio. Sua fidelidade te será um escudo de proteção. Tu não temerás os terrores noturnos, nem a flecha que voa à luz do dia, nem a peste que se propaga nas trevas, nem o mal que grassa ao meio-dia. Caiam mil homens à tua esquerda e dez mil à tua direita, tu não serás atingido”.
(Salmos 91,1-7)

Foto: arquivo pessoal

 

Ele também conta um sonho que teve durante a internação.

“Vi uma mão feminina acendendo uma vela. Depois um homem apareceu e me chamou e disse que Jesus estava ali. Ele me chamou, me abraçou e eu dormi. A partir daquele dia, meu quadro começou a melhorar. Antes disso, tudo só piorava”, testemunha Lucas.

Uma nova vida

Depois de 23 dias de hospital, o tratamento surpreendeu a equipe médica: “os médicos falam que eu cheguei em estado gravíssimo, que eu podia ter morrido. Teve um dia que eu recebi sete picadas de agulhas para tentar tirar sangue, e o meu sangue coagulava na hora. Eu não conseguia nem tirar sangue e tive que fazer uma operação na perna para conseguir acesso. Foi assustador. Então, hoje, eu posso dizer que o que muda é, literalmente, enxergar a vida com novos olhos. Eu vejo os detalhes das pequenas coisas”.

Lucas ainda faz exames frequentes e o diagnóstico permanece incerto — algo que inquieta, mas que ele interpreta como um sinal.

“Acredito em milagres. Talvez nunca tenhamos um diagnóstico, e tudo bem. Algo me diz que eu precisava passar por isso”.

Foto: arquivo pessoal

Uma possibilidade levantada pela equipe médica, mas não confirmada é que ele tenha SHUa (Síndrome Hemolítica Urêmica Atípica). É caracterizada pela destruição de glóbulos vermelhos, baixa contagem de plaquetas e lesões nos rins. Quando tratada, pode permitir que o paciente viva com mais qualidade de vida. É o que afirma a médica Silvana Miranda, nefrologista pela Santa Casa de Belo Horizonte, que conversou com o médico Dráuzio Varella no DrauzioCast, sobre a jornada do paciente e como o tratamento evolui rapidamente ao ser aplicado corretamente.

A experiência já o transformou:

“Quero viver cada dia como se fosse o último. Tive uma segunda chance de fazer diferente. Nova vida, novos hábitos, nova maneira de enxergar o mundo, enxergar a fé. Agora não fumo mais, mudei muito. Muita gente me manda mensagem dizendo que mudou algo na vida depois do que eu vivi”.

 

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