Vício em bebidas alcóolicas: histórias e olhar da vida dos familiares 

Vício em bebidas alcóolicas: histórias e olhar da vida dos familiares 

Engana-se quem pensa que adoecer é uma perturbação solitária ou individual. É possível relacionar diversos diagnósticos e tratamentos que, atualmente, são considerados doenças familiares devido ao impacto que seus efeitos provocam nessa esfera de convívio, como o enfrentamento ao câncer, por exemplo. Nessa lista, sem sombra de dúvidas, o alcoolismo está integrado, pelo menos, na perspectiva dos Grupos Familiares Al-Anon.

“Somos uma associação de parentes e amigos de alcoólicos que compartilham sua experiência, força e esperança, a fim de solucionar os problemas que têm em comum. Acreditamos que o alcoolismo é uma doença que atinge a família e que uma mudança em nossas atitudes pode ajudar na recuperação do doente alcoólico”, revelou uma das voluntárias que atua no grupo (que teve o nome preservado por causa do anonimato dos membros da Al-Anon).

No Brasil, o Al-Anon existe desde 1965 e tem sua sede na cidade de São Paulo. Ela atua como uma associação sem fins lucrativos, formada por grupos de mútua ajuda, que incluem o Alateen, que é direcionado aos jovens entre 12 e 19 anos e seguem o programa Alateen. 

O conhecimento e a prática do programa Al-Anon e do programa Alateen possibilitam mudanças que levam a uma vida mais saudável e produtiva. Não há taxas ou mensalidades, mas os próprios membros contribuem para manter a associação, por meio de contribuições voluntárias. 

“O Al-Anon tem apenas um propósito: prestar ajuda a familiares e amigos de alcoólicos. Fazemos isso praticando os Doze Passos, encorajando e compreendendo nossos parentes alcoólicos, bem como acolhendo e proporcionando alívio a familiares de alcoólicos”, acrescenta a voluntária. 

 

Voluntariado 

Como partes afetadas por essa doença familiar, muitas pessoas  que hoje atuam como voluntárias na Associação, já estiveram do outro lado, enfrentando a doença. É o caso da voluntária que conversou com o IDe+.

 

“Convivi com um alcoólico por 20 anos, desde o tempo de namoro, depois como esposa e mãe de um filho com ele. A doença do alcoolismo de meu marido foi progredindo (ele não se reconhecia como doente alcoólico) e isto prejudicou seriamente o nosso relacionamento”, narrou. 

 

Depois de decidir pela separação, a voluntária procurou ajuda profissional que sugeriu os Grupos Familiares Al-Anon. “No início resisti, mas a partir do momento que aceitei o Al-Anon e a praticar seus Três Legados (Passos, Tradições e Conceitos de Serviço), os Lemas e outras sugestões recebidas gratuitamente nas reuniões presenciais, minha vida mudou significativamente. Continuei voltando e estou participando até hoje, independente dele ainda estar bebendo ou não, pois percebi desde o início que programação é para mim e não para a outra pessoa”, ponderou. 

Para ela, a associação hoje tem grande importância diária em seu bem-estar. “O Al-Anon representa para mim o conhecimento de como lidar com a doença do alcoolismo, minha liberdade de ir e vir, segurança, equilíbrio emocional, solidariedade, amizade, doação, gratidão e muitas outras coisas”, finalizou a voluntária. 

 

Histórias interligadas

Sua história de vida, compartilhada no IDe+, se assemelha ainda a de outra voluntária da Associação Al-Anon. Membra há 22 anos, ela atua de acordo com a disponibilidade pessoal, desempenhando funções específicas, por determinados períodos de tempo, com o intuito de manter a organização e o respeito aos princípios do programa de recuperação.

“Comecei a participar quando percebi que o fato de ter me casado com um alcoólico na ativa causou inúmeras dores e problemas, assim como potencializou o que eu tinha de pior. Vivia nervosa, triste, sem esperança. Também percebi o quanto estávamos afetando nossa filha, que na época estava na pré-adolescência”, recorda-se. 

Depois de tomar a decisão de que não queria mais viver como refém dessas dores e problemas, buscou participar das práticas e sugestões do programa onde hoje atua no voluntariado. 

“É um processo contínuo, às vezes rápido, às vezes lento – de descobertas e crescimento – com algumas dificuldades e dores, inerentes aos processos de crescimento. Mas como compensa! Foi assim que aprendi novos significados de respeito e amor, começando por mim. São mais de 20 anos, vivendo sob a ótica de um programa que faz de mim um ser humano melhor, sempre que sigo o que é sugerido na literatura Al-Anon. Por esta razão, continuo – “um dia de cada vez”, celebrou. 

 

Como participar

Para quem viveu ou ainda enfrenta essa doença familiar e tem interesse em participar do Al-Anon, um passo muito importante é reconhecer-se como familiar ou amigo de um ou mais alcoólicos, cujo convívio a tenha prejudicado (física, emocional e até mesmo espiritual). 

“Mesmo quando o alcoólico continua a beber, o familiar pode se libertar dos efeitos nocivos provocados pelo alcoolismo. Sem ajuda específica é muito difícil se recuperar, porque a obsessão, a ansiedade, a raiva e a negação causam muitos males aos familiares. Manter o foco em si mesmo ajuda a compreender o que pode ser modificado e torna possível o crescimento espiritual, a recuperação emocional e o bem-estar físico”, complementa uma das voluntárias. 

Mas, atenção, é importante destacar que o Al-Anon e o A.A. são associações distintas, com trabalhos em diferentes perspectivas: o Al-Anon e o Alateen são para familiares e amigos de alcoólicos e o A.A. é para os alcoólicos. Você pode saber mais sobre o AA aqui. 

Para quem tem interesse em participar da Associação Al-Anon, as voluntárias compartilham o caminho que deve ser seguido: 

O site oficial do Al-Anon fornece as informações para quem deseja participar. É importante lembrar que:

  • O princípio do anonimato é a base espiritual das Tradições que norteiam os trabalhos no Al-Anon. Só assim os membros podem se sentir seguros para compartilhar suas experiências, sem receio de exposição, mantendo os princípios acima das personalidades.
  • Não há endosso ou afiliação a empreendimentos de fora, para que não haja possibilidade de controvérsias públicas ou desvios – e o foco seja mantido na recuperação.
  • O programa tem espiritualidade, mas não está ligado a nenhuma religião ou seita.
  • Não há taxas ou mensalidades – os próprios membros contribuem para a manutenção da 

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Comentários

  • Antonia Valdenia Bezerra de Sousa
    Meu companheiro é viciado em álcool, tem tem essa doença é super complicado de lidar com ela ñ é fácil mas tenho a fé de q um dia ele vai se livrar e lhe liberta desse vício. Eu creio. Mas as vezes dá uma vontade de desistir pq quanto mas eu rezo mas parece o dia q ele bebi meu Deus as vezes penso q minhas orações ñ estão servindo ou sei rezar. Mas seja que Deus quiser. Se poder coloca o nome dele em oração é: Francisco Rogério.

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