Cliques 19
Quando se fala em anjos, é comum imaginar figuras celestiais com asas e vestes brancas. Os anjos não formam um grupo homogêneo: existe uma hierarquia angelical, formada por nove coros divididos em três ordens, cada uma com funções e graus de proximidade com Deus.
A doutrina sobre a hierarquia dos anjos tem base bíblica e foi aprofundada por teólogos como Pseudo-Dionísio Areopagita, no século V, e São Tomás de Aquino, no século XIII. Esses estudos ajudam a compreender a beleza e a ordem do mundo espiritual.
O que são anjos, segundo a fé católica?
Anjos são espíritos puros, criados por Deus, dotados de inteligência e vontade, que não possuem corpo físico. Seu nome vem do grego “angelos”, que significa “mensageiro”. São mencionados em diversas passagens da Bíblia, como no anúncio do anjo Gabriel a Maria (Lc 1,26–38) e na proteção do povo de Deus no Antigo Testamento (Sl 91,11).
Na tradição católica, eles se organizam em uma hierarquia composta por três ordens: superior, intermediária e inferior, com três coros em cada uma.
Os nove coros dos anjos
A estrutura dos coros angelicais foi sistematizada por Pseudo-Dionísio, que escreveu:
“Primeira tríade: Serafins, Querubins e Tronos. Segunda tríade: Dominações, Virtudes e Potestades. Terceira tríade: Principados, Arcanjos e Anjos.”
Primeira ordem (maior proximidade com Deus)
1. Serafins – Estão diante do trono de Deus, consumidos em amor. São mencionados em Isaías 6,2: “Os serafins estavam acima dele; cada um tinha seis asas.”
2. Querubins – Representam a plenitude do conhecimento divino e guardam os mistérios celestiais (cf. Gn 3,24).
3. Tronos – Simbolizam a estabilidade divina e a justiça. Servem de “assento” para a glória de Deus.
Segunda ordem (governam o cosmos e as leis divinas)
4. Dominações – Regulam as atividades dos anjos inferiores e zelam pela ordem universal.
5. Virtudes – Responsáveis por milagres e prodígios. Inspiram coragem e perseverança.
6. Potestades – Têm autoridade sobre os demônios e o mal. São guardiões da fronteira entre o céu e a terra.
Terceira ordem (ligada diretamente à humanidade)
7. Principados – Orientam líderes e nações para o bem. Inspiram governos justos.
8. Arcanjos – São mensageiros das grandes missões divinas. Entre eles está São Miguel Arcanjo, o defensor dos filhos de Deus.
9. Anjos – São os mais próximos dos seres humanos. Cada pessoa tem um anjo da guarda, como afirma a tradição da Igreja (cf. Mt 18,10).
O que dizem os teólogos da Igreja?
São Tomás de Aquino, na Suma Teológica, explica que a hierarquia angelical é uma expressão da sabedoria divina:
“Assim como a Providência divina ordena que os seres inferiores sejam governados pelos superiores, assim também os homens, inferiores aos anjos, são iluminados por eles.” (S. Th. I, q. 107, a. 6)
Ele ainda ressalta que os anjos superiores instruem os inferiores:
“Nos coros superiores há maior participação da luz divina, e por isso os anjos superiores instruem os inferiores.” (S. Th. I, q. 112, a. 3)
Já Pseudo-Dionísio descreve essa organização como uma liturgia eterna:
“As hierarquias celestiais conduzem as hierarquias humanas ao conhecimento e à união com Deus.” (Hierarquia Celeste, cap. 3)
Compreender a hierarquia dos anjos ajuda a reconhecer que o mundo espiritual é vivo, ordenado e em contínua missão a serviço de Deus e da humanidade.
A doutrina angelológica não é apenas uma curiosidade teológica, mas parte da espiritualidade cristã: os anjos nos inspiram, intercedem por nós e nos protegem, conforme ensina a Igreja.
E o seu anjo da guarda?
Na hierarquia, os anjos da guarda pertencem ao último coro, o mais próximo dos humanos. Cada pessoa tem um anjo pessoal, como lembra o Salmo 91,11:
“Porque a seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos.”
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