No Natal, a Igreja celebra um acontecimento que mudou o mundo: a chegada do Cristo. O Filho eterno do Pai assumiu a nossa carne, nasceu em Belém e passou a habitar entre nós. Mas a fé cristã não se detém apenas na primeira vinda de Jesus. Desde o presépio, o coração do cristão é educado para a esperança de uma promessa ainda maior, de que Ele voltará em glória. Essa certeza, professada no Credo e sustentada pela Sagrada Escritura, recebe o nome de Parusia.
A palavra Parusia vem do grego parousía, que significa “vinda” ou “presença”. Na fé cristã, ela designa a segunda vinda de Jesus Cristo, quando Ele retornará no fim dos tempos para consumar definitivamente a história da salvação.
O Catecismo da Igreja Católica (CIC) ensina que, após sua Ascensão, Cristo permanece Senhor da história e caminha com a Igreja enquanto aguarda o momento de sua manifestação gloriosa. Segundo o CIC:
A partir da ascensão, a vinda de Cristo na glória está iminente (630) mesmo que não nos «pertença saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade» (Act 1, 7) (631). Este advento escatológico pode realizar-se a qualquer momento (632), ainda que esteja «retido», ele e a provação final que o há-de preceder (633).
Essa espera não é medo nem curiosidade sobre o fim do mundo. É esperança. A Igreja vive um tempo marcado por uma tensão espiritual. O Reino de Deus já está presente, só não foi plenamente consumado ainda. O CIC explica que “o Reino de Cristo já está presente na Igreja, mas ainda não foi consumado com a grande vinda do Senhor”.
Portanto, a Parusia não significa que Deus esteja ausente agora. Cristo já reina, já salva, já age. Porém, a plenitude desse reinado só se manifestará quando Ele voltar em glória.
Jesus foi claro ao ensinar que a Parusia não pode ser calculada, prevista ou anunciada com datas. A Igreja rejeita qualquer tentativa de marcar o momento da volta de Cristo. O próprio Senhor afirmou que somente o Pai conhece o tempo final. Por isso, a atitude cristã não é a especulação, mas a vigilância, a conversão e a fidelidade diária.
A fé católica também ensina que, antes da volta gloriosa de Cristo, a Igreja passará por uma última provação. O Catecismo afirma que “antes da vinda de Cristo, a Igreja deve passar por uma prova final que abalará a fé de numerosos crentes” (CIC, 675).
Essa provação não é descrita para gerar medo, mas para recordar que a história caminha para um desfecho definitivo e que o cristão é chamado a perseverar, mesmo em meio às dificuldades, mantendo os olhos fixos em Cristo.
A Parusia está intimamente ligada ao Juízo Final. “No dia do Juízo, no fim do mundo, Cristo virá na sua glória para completar o triunfo definitivo do bem sobre o mal, os quais, como o trigo e o joio, terão crescido juntos no decurso da história” (CIC, 681).
Esse juízo não contradiz a misericórdia de Deus. Pelo contrário, revela sua justiça e confirma definitivamente sua vitória sobre o pecado e a morte.
Celebrar o Natal significa reconhecer que Aquele que veio humilde em Belém voltará glorioso no fim dos tempos. A liturgia da Igreja une as duas vindas: a primeira, na carne, e a segunda, na glória.
O tempo do Advento e o próprio Natal educam o coração do fiel para uma espera ativa. Quem espera a volta de Cristo aprende a viver com responsabilidade, caridade e fidelidade, por saber que a história tem um sentido e um fim nas mãos de Deus.
No Natal, ao contemplar o Menino deitado na manjedoura, a Igreja proclama silenciosamente sua fé, pois o mesmo Jesus que nasceu entre nós voltará. E essa promessa deve gerar uma esperança que sustenta, converte e aponta para o Céu.
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