Fé e ciência: um encontro divino

Fé e ciência: um encontro divino

“A fé e a razão constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade”.

– Papa João Paulo II, em encíclica Fides et Ratio

A ciência e a religião católica têm moldado a compreensão humana do universo. Para algumas pessoas, pode existir a crença de que a religião está do lado oposto da ciência ou de que não há lugar para a fé em espaços científicos.

Contudo, há saberes comuns às duas áreas, inspirados e posteriormente comprovados. Na data em que é celebrado o Dia Nacional da Ciência e da Cultura (5 de novembro), conheça mais sobre essa relação que é permitida e agradável a Deus.

Estudos teológicos

Como dois lados de uma mesma moeda, a ciência estuda o mundo natural, enquanto a religião fala sobre o espiritual, ambos aspectos da experiência humana.

“Porque o Senhor dá a sabedoria; da sua boca procedem o conhecimento e o entendimento.” (Provérbios 2,6)

A sabedoria verdadeira, que une razão e fé, vem de Deus. Por isso, os estudos teológicos reúnem conhecimento científico para analisar fenômenos religiosos e a relação entre o ser humano e Deus, com centralidade nos estudos bíblicos. Grande parte do que é produzido na universidade na área são artigos que relacionam passagens bíblicas com interpretações da ciência, no desenvolvimento de um conhecimento unificado.

A Teologia estuda, por exemplo, a relação entre as promessas feitas no Antigo Testamento e seu cumprimento com Cristo no Novo Testamento. Um dos estudos teológicos se concentra no Messias no Antigo e Novo Testamento, iniciando-se com as profecias do Primeiro Livro, como as de Isaías, 53 e Miquéias 5,2, que anunciam a vinda de um Salvador. A teologia bíblica examina como essas profecias são cumpridas no Novo Testamento (Lucas 24,44) e destaca o desenvolvimento da revelação messiânica ao longo da Bíblia.

Achados arqueológicos

Arqueologia é o campo de estudo científico que recolhe e estuda vestígios materiais da presença humana recente ou antiga com o objetivo de compreender o contexto de atividades humanas em determinado tempo e espaço. Descobertas arqueológicas trazem evidências físicas de narrativas bíblicas e ajudam na compreensão do contexto cultural e religioso da época em que se passaram.

Alguns registros arqueológicos que comprovam — para a ciência— passagens da Bíblia são:

  • Pedra de Pôncio Pilatos: encontrada em 1961 durante a escavação de um teatro construído por Herodes, o Grande, a pedra possui as inscrições “Pôncio Pilatos, prefeito da Judeia, a dedica”. Essa é a primeira evidência física da existência do personagem bíblico central no julgamento e crucificação de Jesus.

“Então Pilatos, querendo agradar o povo, soltou Barrabás, como eles haviam pedido. Depois mandou chicotear Jesus e o entregou para ser crucificado”. (Marcos 15,15)

  • Muralha de Jerusalém: em 2010, uma escavação encontrou registros da muralha construída por ordem do Rei Salomão, como está no Antigo Testamento.

“E esta é a causa do tributo que impôs o rei Salomão, para edificar a casa do Senhor e a sua casa, e Milo, e o muro de Jerusalém, como também a Hasor, e a Megido, e a Gezer”. (Reis 9,15)

  • Reservatório de Siloé: no Evangelho de João, após curar um cego de nascença, Jesus lava-lhe os olhos no Reservatório de Siloé. Em 2005, a reserva de água foi encontrada na Cidade Velha de Jerusalém.

“Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego. E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo”. (João 9,6-7)

Por meio de estudos multidisciplinares, que envolvem conhecimentos de geologia, arquitetura, história ou química, os artefatos podem ser rastreados até o tempo e local em que estiveram originalmente, comprovando os relatos da Escritura Sagrada.

Cientistas e religiosos que unem a fé à ciência

Cientistas podem ser pessoas com fé em Deus, assim como religiosos e sacerdotes podem fazer importantes contribuições à ciência. E a história mostra que há muitos deles. Conheça alguns nomes!

  • Francis Collins: o ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisa do Genoma Humano e um dos responsáveis pelo grande projeto de mapeamento do DNA humano, em 2001. O pesquisador sempre deixou clara sua satisfação em ver o mundo a partir da ciência e da fé – em conjunto!

“Uma das grandes tragédias do nosso tempo é esta ideia que foi criada que a ciência e religião têm que estar em guerra”.

– Francis Collins

  • Nicolau Copérnico (Teoria do Heliocentrismo), Gregor Mendel (genética moderna), Andrew Gordon (primeiro motor elétrico), Georges Lemaître (Teoria do Big Bang): esses cientistas foram, respectivamente, um clérigo católico e matemático, monge agostiniano e biólogo, monge beneditino e físico, e padre e astrônomo.
  • Padre Giuseppe Leonardi: o padre italiano mantém vínculos científicos paleontológicos com o Brasil por ter encontrado pegadas de dinossauros nos arredores de Araraquara, em São Paulo, no início da década de 1980. Esses vestígios, posteriormente, levaram à identificação de uma nova espécie, denominada Farlowichnus rapidus.
  • Irmã Mary Kenneth Keller (pioneira na ciência da computação); Beata Guadalupe Ortiz de Landázuri (doutora em Química); Edith Stein, conhecida como Santa Benedita da Santa Cruz (doutora em Filosofia).

A Igreja Católica impulsionou a produção de conhecimento e ciência na cultura ocidental ao criar as universidades na Europa Cristã durante a Idade Média, entre os séculos XII e XIII. As principais universidades criadas foram nas cidades de Bolonha, Paris, Cambridge, Pádua, Nápoles e Toulouse. Foi o Papa Gregório IX que, no século XII, legitimou as universidades como instituições eclesiásticas.

Além disso, o Vaticano tem uma longa história de apoio ao desenvolvimento científico. O Observatório do Vaticano, uma das mais antigas instituições científicas do mundo, tem origem no século XVI e é um incentivo da Igreja Católica à investigação científica do universo.

Agência Escola da UFPR e IDe+

Papa Francisco recebeu os participantes da II Conferência do Observatório Astronômico Vaticano (Specola Vaticana) no dia 20 de junho de 2024. No encontro, o Pontífice destacou que Deus “não pode ser um objeto facilmente categorizado pela razão humana”. “A fé e a ciência podem se unir na caridade se a ciência for colocada a serviço dos homens e mulheres de nosso tempo”, de acordo com o site Vatican News.

Uma vez que os conhecimentos científicos podem beneficiar a sociedade e melhorar a qualidade de vida das pessoas, o portal IDe+ tem uma parceria com o curso de jornalismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR) por meio do projeto Agência Escola, que foi criada para conectar ciência e sociedade. A Agência Escola se dedica à divulgação científica pelos meios de comunicação em diferentes formatos e linguagens. Matérias produzidas na UFPR trazem informações sobre diversos estudos e pesquisas de cientistas da instituição. Desde 2021, o IDe+ abriu espaço para a Agência Escola, que é um dos colunistas do portal.

Conheça mais sobre a relação da fé com a ciência

Selecionamos três conteúdos para leitura:

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Conteúdo adaptado do JORNAL DO EVANGELIZADOR – Ano XVII – n° 206 – novembro 2024

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