Julho Verde: é hora de prevenir o Câncer de Cabeça e Pescoço

Hoje, dia 27 de julho, é o Dia Mundial de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço. Em 2021, a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) está realizando a quinta edição do Julho Verde, com o slogan “O câncer tá na cara, mas às vezes você não vê”, para tratar da importância da prevenção, do diagnóstico precoce, do tratamento e da reabilitação.

Anualmente, o Instituto Nacional do Câncer (INCA) registra cerca de 40 mil novos casos de cânceres de cabeça e pescoço, denominação genérica de tumores que se originam em regiões das vias aéreo-digestivas, como boca, língua, gengivas, bochechas, amígdalas, faringe, laringe e seios paranasais.

A campanha busca conscientizar a todos sobre a importância da prevenção e da atenção aos primeiros sinais e sintomas da doença, buscando um diagnóstico precoce capaz de ampliar as taxas de cura e reduzir a ocorrência de sequelas.

Segundo o Dr. Fábio José Bianchi, especialista em lesões bucais e pós-doutor em Saúde Pública, “os fatores que aumentam a predisposição aos cânceres de cabeça e pescoço, podem ser divididos em fatores exógenos e endógenos”. Dentre os fatores exógenos, o principal, segundo ele, é o tabagismo. “Estudos mostram uma forte correlação entre o tabagismo e esses tipos de cânceres”. Ele registra que, associados ao tabagismo, temos ainda, dentre os fatores exógenos, o álcool, as drogas, e a exposição à luz solar sem proteção, nos casos de cânceres de pele e mucosa da região de cabeça e pescoço.

Já sobre os fatores endógenos, o Dr. Fábio José Bianchi nos traz o estresse. Segundo ele, o estresse “forma grandes quantidades de radicais livres, que favorecem mutação de células e desenvolvimento de cânceres nesta região”. Mas há outros fatores endógenos, como a própria genética do indivíduo. “É de grande relevância saber se alguém na família já desenvolveu esse tipo de câncer”.

É essencial, portanto, estar atento aos primeiros sintomas de um possível câncer de cabeça e pescoço. “Dentre os sinais e sintomas dessa patologia estão a náusea, o vômito, a perda da capacidade de marcha, dificuldades de escutar e de visualizar, dores de cabeça que não cessam facilmente, além de lesões na pele ou mucosa que não cicatrizam e que perduram por mais de dez dias no organismo”, pontua o Dr. Fábio Bianchi.

O Dr. Luís Eduardo Barbalho de Melo, representante da campanha no Rio Grande do Norte, chama também atenção para outros sintomas, como rouquidão crônica que não melhora com remédios em trinta dias, dificuldade para mastigar ou engolir, dentes moles ou caroço no pescoço, que podem ser também prenúncio para algo que possa estar acontecendo no organismo, observando que, por serem sintomas iniciais, faz toda diferença. Nesses casos, recorrer ao médico o quanto antes, para ter um diagnóstico mais rápido. O diagnóstico tardio resulta no óbito de cerca de 50% dos casos, sendo uma média de três a cada quatro novos casos, já em estágio avançado da doença.

Há na literatura outros fatores apontados como de risco: infecção pelo HPV; má higiene bucal; consumo de bebidas quentes, como chimarrão; exposição a poeira de madeira, têxtil, pó de níquel, colas, agrotóxicos, amianto, sílica, benzeno, produtos radioativos, dentre outros.

O tratamento adequado do Câncer de Cabeça e Pescoço será definido pelo médico após o diagnóstico e os exames, e dependerá do tipo de tumor, podendo haver intervenção cirúrgica, radioterapia, quimioterapia ou terapia-alvo. Em muitos casos, há ainda a necessidade da combinação de mais de um deles para uma resposta eficaz.