Em 1999, São João Paulo II escreveu uma carta muito especial e que traz ensinamentos a toda a sociedade: a Carta aos Anciãos. O texto, humano e cheio de ternura, é uma reflexão sobre o valor da vida, da velhice e da fé. É um pedido para que todos abram espaço à escuta e à sabedoria.
O Papa começa a carta com o Salmo 90: “A soma da nossa vida é de setenta anos, e os mais fortes chegam aos oitenta”. Ele escreve como alguém que já sente o peso dos anos e quer partilhar a esperança de quem aprendeu a ver a velhice como graça. João Paulo II não fala aos idosos, mas com eles, como um amigo que reconhece suas alegrias e desafios. Ele escreve:
“Desejo conversar convosco com simplicidade e afeto, porque também eu me encontro na fase da vida em que se é chamado a olhar para o passado, a fazer um balanço e a confiar ao futuro o fruto da própria experiência”.
Na carta, o santo polonês recorda que os mais velhos têm uma missão insubstituível: ser memória viva do povo de Deus. São eles que guardam histórias, transmitem a fé, ensinam com o exemplo e lembram que cada geração é parte de um mesmo plano divino.
Ele escreve que “a velhice é um tempo de graça”. É um período em que o ser humano pode se libertar das ilusões do poder e da pressa, para viver mais profundamente o amor e a oração.
O Papa lamenta que a sociedade moderna, movida pela produtividade e pela juventude aparente, muitas vezes marginalize os idosos. Por isso, pede à Igreja que seja o espaço onde cada idoso se sinta amado e necessário.
“É importante promover uma cultura que acolha os idosos, que valorize o seu papel e que os faça sentir plenamente inseridos na comunidade”.
A carta também fala sobre o medo natural da fragilidade e da morte. Porém, João Paulo II o enfrenta com serenidade. Ele reconhece que o corpo enfraquece, mas a alma pode se tornar ainda mais viva e confiante.
“A velhice é um tempo privilegiado para aprofundar a união com Deus, mediante a oração e a contemplação”. É esse então o grande segredo da vida cristã. Mesmo quando as forças diminuem, o coração pode permanecer fecundo. A oração dos idosos sustenta a Igreja, consola os que sofrem e prepara o mundo para o reencontro definitivo com Deus.
Ao final da carta, João Paulo II convida os mais jovens a olhar para os idosos com gratidão, e não com impaciência. Encoraja o diálogo entre gerações e diz que a juventude e a velhice são duas fases complementares da vida, e o diálogo entre elas é uma fonte de riqueza para toda a sociedade.
A Carta aos Anciãos foi publicada em 1º de outubro de 1999 e pode ser lida na íntegra no site do Vaticano.
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