Padres e religiosos também podem fazer terapia?

Padres e religiosos também podem fazer terapia?

A saúde mental tem ganhado cada vez mais atenção como parte essencial do bem-estar humano e isso também inclui sacerdotes e religiosos. Mesmo assim, a pergunta “é conveniente para um padre consultar um terapeuta?” ainda é comum. Ao considerarmos a complexidade das demandas emocionais e psicológicas enfrentadas por padres e religiosos, a importância do apoio psicológico pode ser facilmente compreendida.

O cuidado com a saúde mental pode beneficiar os sacerdotes e religiosos como seres humanos e filhos de Deus, além de enriquecer a vida espiritual e a missão.

A visão de que “oração é suficiente para um padre” pode ser perigosa e limitante também para os fiéis. A Igreja, em seu esforço para atender às necessidades dos cristãos, tem enfatizado que a espiritualidade e a saúde mental devem andar de mãos dadas. A terapia não é uma substituição à fé, mas um complemento ou encontro que ajuda o indivíduo a se aproximar de Deus e do seu próprio coração.

O papa Francisco tem sido um defensor da importância do olhar à saúde mental. Em várias ocasiões, o Pontífice destacou que o cuidado psicológico não é apenas benéfico, mas muitas vezes necessário para aqueles que enfrentam dificuldades emocionais. Em sua mensagem por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental, encorajou todos a cuidarem uns dos outros e a buscar ajuda quando necessário. A saúde mental é parte de nosso bem-estar integral.

A importância do acompanhamento psicológico

Em entrevista ao portal Aleteia, Padre Roman Groszewski compartilhou sua experiência pessoal com a terapia e dividiu como tem sido essencial em sua jornada. Ele lembrou que nem todo mundo precisa e que, para alguns, pode ter um resultado mais favorável que para outros.

O Sacerdote explica que a terapia lhe foi sugerida por seus diretores espirituais, que identificaram questões que precisavam ser trabalhadas além da espiritualidade e que eram muito sérias.

A Exortação Apostólica “Pastores Dabo Vobis”, do Papa João Paulo II, publicada em 1992, enfatiza a necessidade de um equilíbrio humano e psicológico para o exercício do ministério sacerdotal. O documento incentiva a atenção à formação humana dos sacerdotes, ao cuidado integral, e à saúde mental como questões essenciais para um serviço pastoral eficaz.

Além disso, o diretório para o ministério e a vida dos presbíteros (1994) reforça a importância de uma formação contínua que abranja o desenvolvimento humano e psicológico dos sacerdotes, que destaca que “a saúde mental e emocional é uma parte integrante do chamado sacerdotal”.

A terapia não é um sinal de fraqueza. É uma expressão de coragem e responsabilidade de quem busca se cuidar e cuidar do próximo ao reconhecer suas próprias necessidades.

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