Por que Deus permite que Seus filhos sofram?

Em algumas situações, como a morte ou diante de uma doença, é comum ouvir expressões como: “Foi Deus quem quis assim”, “Essa é a vontade de Deus”, “Deus permitiu que isso acontecesse”. Mas será mesmo que Deus permite que as piores coisas aconteçam aos seres humanos? Se Deus realmente existe, por que Ele deixa que tantas pessoas sofram?

Padre Eduardo dos Reis diz que não concorda com a concepção de que Deus é o autor do mal e que, dessa maneira, permitiria o sofrimento de Seus filhos. Para entender melhor, destaca uma frase de Santo Agostinho, a qual diz: “Deus não permitiria o mal se não pudesse tirar desse mal um bem infinitamente maior”. 

Padre Eduardo explica que Deus é amor, misericórdia e perdão

A frase de Santo Agostinho apresentada pelo Padre reforça a importância de diferenciar o que é maldade e o que são dificuldades. “De onde vem o mal? Vem da negação do homem para com Deus. Isso começou lá com Adão e Eva, quando o pecado entrou no mundo pela desobediência deles. Por isso, nós herdamos a mancha do pecado original. Mas quando somos batizados, somos redimidos em Jesus Cristo. Foi para isso que Jesus encarnou, e nós fomos enxertados na videira que é Ele. Esse mal, esse pecado original, essa mancha que não é nossa culpa, desapareceu”.

Mas ainda somos pecadores

Embora o pecado original tenha sido perdoado, como seres humanos, o pecado ainda existe em nós. “Então, é pelos pecados da humanidade que o mal vai acontecendo”, completa Padre Eduardo. É por isso que, a criação do mal não pode estar relacionada a Deus. Afinal de contas, se Ele criasse o mal, Ele mesmo teria que combater a maldade. “E Deus é supremo, Deus é amor, Deus é misericórdia. Deus sempre vai ser amor e misericórdia e, acima de tudo, o perdão. Não existe mal em Deus. O coração de Deus é misericordioso com os pecadores”, reforça o Sacerdote. 

Deus não enviou as pragas?

“Por isso, amanhã, a esta hora, enviarei a tempestade de granizo mais devastadora de toda a história do Egito. Então o Senhor disse a Moisés: estenda a mão em direção ao céu para que caia granizo sobre toda a terra do Egito, sobre as pessoas, sobre os animais e sobre todas as plantas em toda a terra do Egito” (Êxodo 9, 18,22). 

Esse versículo, assim como boa parte do Antigo Testamento, Deus é apresentado com características mais severas. Ele envia pragas e dizimando seu povo.

 Porém, essa imagem foi desfigurada a partir do nascimento de Jesus Cristo. Dessa forma, não se pode atribuir a Ele uma visão de maldade e de carrasco. A relação de Deus com o amor e com a misericórdia são apresentados pelo Apóstolo João: 

“O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco; e a nossa comunhão é com o Pai, e com seu Filho Jesus Cristo. Estas coisas vos escrevemos, para que o vosso gozo se cumpra.E esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas” (1 João 1,3-5). 

Deus dá a cruz que podemos suportar

“Cumpra-se Vossa vontade de todos os modos e maneiras. Se Vós, Senhor Deus me quiserdes enviar sofrimento. Dá-me forças para suportar” (Santa Teresinha). 

Da mesma maneira que Santo Agostinho explica, Santa Teresinha reforça que Deus é amor e que só nos permite aquilo que conseguimos suportar. 

Papa Francisco complementa a relação de Deus com a superação e o enfrentamento de desafios ao dizer: “Deus dá as batalhas mais difíceis para seus melhores soldados”.  

Padre Eduardo reflete que, ao enviar Jesus para nos salvar, Deus permitiu que seu Filho assumisse nossas dores, nosso peso e carregasse a pesada cruz por toda a humanidade. “Cristo nos libertou. Então somos livres do mal e do pecado. Não podemos assumir a imagem de que Deus permite e envia o mal, isso é imaginação. São pessoas que culpam Deus pelos seus próprios pecados”, reforça. 

Devemos lutar contra o mal e o pecado

Deus é amor e misericórdia, mas Ele permite que seus Filhos tenham o livre arbítrio para fazer escolhas. E como Ele escolhe seus melhores soldados para enfrentar os grandes desafios, a dica do Padre Eduardo é combater o mal com cinco armas.

“Essas armas são para nós lutarmos contra o mal e o pecado. Jejum, confissão, Eucaristia, Palavra de Deus e o Santo Terço. Elas são as armas que Deus nos dá para combater o mal. Portanto,  nós podemos sim combater o mal, desde que sejamos o bem e ajudemos a propagar o bem para o ser humano”, finaliza o Padre.