Um chá para ajudar na digestão. Outra xícara para acompanhar uma conversa entre amigos que não se viam há tempos. Chá para aumentar a disposição ou então para acalmar o dia que foi agitado. Você provavelmente já ouviu alguma dessas dicas certeiras de chá para consumir em diferentes momentos, certo?
Durante a pandemia, uma pesquisa da Euromonitor Internacional mostrou que aumentou em 25% o consumo de chás no Brasil. A quantidade consumida é quase o dobro do consumo mundial. E que tal aprender mais sobre a bebida que está entre as mais queridinhas dos brasileiros?
Apesar de chamarmos a maioria das bebidas que levam flores, frutos, sementes, raízes e ervas diversas de chá, a especialista no assunto e empresária Juliana Treis de Oliveira explica que há várias diferenças entre as três bebidas.
Só podem ser consideradas chás as feitas com a Camellia Sinensis, uma espécie de vegetal nativa da Ásia. Entre os mais conhecidos temos o chá preto, o branco e o verde.
“Na etiqueta do chá, só o podemos chamar assim se ele vier da planta Camellia Sinensis. Esses são realmente considerados chás. O que não vem da Camellia é considerado infusão”, explica Juliana.
A diferença entre a infusão e a decocção está nos produtos que elas são feitos. Enquanto a infusão trabalha com ingredientes mais leves da planta, como flores e folhas, a decocção é feita com os mais fortes, incluindo raízes, sementes e cascas.
Juliana explica que as diferenças dos nomes ajudam a pensar na hora do preparo. “A infusão você primeiro ferve a água e depois a adiciona em cima da planta. Já a decocção precisa colocar a planta na água fria e depois levar ao fogo até a fervura”.
Sobre a temperatura ideal, veja abaixo a imagem com as temperaturas corretas para cada tipo de chá, infusão e decocção.
As propriedades medicinais encontradas em plantas já são utilizadas no mundo há muito tempo e, antigamente, era comum utilizá-las em chás e infusões para curar pacientes.
“Quando você opta por consumir um chá está optando por resgatar a sua própria ancestralidade. Isso porque nossos familiares, como avós e outras gerações, tinham o hábito de consumi-los e ainda cultivavam as suas próprias ervas e plantas”, explica a empresária.
Cientistas confirmam o poder e benefícios do chá para os seres humanos, incluindo calmantes naturais que ajudam a combater a ansiedade, termogênicos que aceleram o gasto calórico, outros que têm efeito cardioprotetor, além dos que são excelentes para a memória e estimulantes naturais.
Diante de uma vida quase sempre acelerada, o chá também pode oferecer outros benefícios. Um deles é a pausa para a preparação.
“Ao preparar, você destina um tempo para se reconectar consigo, com os outros e com o mundo. E você oferece esse cuidado para as pessoas que convivem com você, para amigos, familiares, filhos, etc. É um presente que damos ao nosso organismo e também a natureza”.
Juliana fala isso porque ela expõe que o chá precisa de cuidado na preparação. “Tem que ter paciência para esperar a água ferver. Depois, escolher a planta e ver a mistura mudando de cor na água que você coloca. Por fim, o aroma que vai exalando e perfumando o ambiente”.
Ao cumprir esse ritual, presenteamos a nossa espiritualidade também. Vivenciamos um momento de paz e autorreflexão, promovendo o nosso bem-estar.
A especialista ainda comenta que a rotina da preparação e do consumo do chá beneficia a união familiar, como a Igreja sempre pede, afinal, destina-se um momento para a convivência e os bons momentos perto de quem se ama.
Além de tudo isso, os chás também têm ajudado a manter pequenos agricultores brasileiros. Com a produção de uma variedade de plantas, ervas, sementes, raízes, etc, muitos têm conseguido renda extra e até mesmo o sustento de suas famílias no campo. Por isso, Juliana recomenda também a valorização dos produtos feitos aqui no Brasil.
“Acontece muito de as pessoas preferirem chás internacionais, mas aqui temos chás incríveis, produzidos com todo o cuidado pela agricultura familiar. Eles conseguem até fazer com qualidade superior aos outros, porque temos condições propícias para a produção”.
Juliana ainda dá outra dica importante: optar pelo consumo de chás e infusões a granel (que são aqueles sem embalagens e acondicionamentos). Esse tipo de produto não passa por processos de industrialização e é mais natural. Os processos de industrialização podem fazer com que se percam os princípios ativos do chá. Enquanto nos que se compra a granel, é possível observar o frescor e, geralmente, os produtos são vendidos muito frescos.
“Nunca consuma plantas com bolor ou com frescor duvidoso. Elas podem fazer mal”.
Depois de preparar seu chá ou infusão, tanto faz a forma como você vai consumir. Pode ser frio ou quente, portanto, vai muito do gosto individual. Além disso, depois de pronto você pode consumir o chá nas próximas 12 horas que ele não vai perder seus princípios ativos.
Para Juliana, o importante mesmo é investir no que você gosta e desenvolver o hábito tanto do preparo quanto do consumo de chás. “Gosto sempre de pensar que o mundo que queremos amanhã está no que consumimos hoje. E o chá é isso. Na essência de preparar, quando desligamos do mundo corrido e paramos para fazer e no consumo, quando optamos por coisas saudáveis que vêm da natureza”.
E aí, que tal preparar um chá ou uma infusão para finalizar esse conteúdo?
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