Para muitas pessoas, a cena em Nova Andradina, no interior de Mato Grosso do Sul, seria difícil de imaginar. Em cima de uma bicicleta cargueira, segurando firme o megafone, Padre Matheus Rocha anunciava:
“Atenção para a programação! Atenção, estamos no mês de maio, do dia 22 ao dia 30, novenário do Imaculado Coração de Maria! Vamos lá”.
Padre Sócrates Emmanuel pedalava e ria, enquanto completava a cena.
Improvisada, mas cheia de alegria, a gravação ultrapassou rapidamente as fronteiras da cidade e viralizou nas redes sociais, com mais de 1,4 milhão de visualizações em pouco tempo.
“Não tínhamos a intenção de viralizar”, contou Padre Matheus em entrevista ao Portal G1. Ele explicou que a ideia surgiu de última hora, quando a Pastoral da Comunicação apareceu com um megafone e uma bicicleta. “Só queríamos chamar o povo para a festa, de um jeito descontraído”.
E conseguiram — divulgaram a programação e mostraram ao Brasil como a bicicleta pode ser muito mais do que um meio de transporte, que todos podem contribuir com a Paróquia e que a Igreja está sempre aberta às ideias dos seus fiéis. A bicicleta pode ser parceira da evangelização, sinal de alegria e instrumento de proximidade.
A cena dos padres de Mato Grosso do Sul se une a tantas outras histórias que revelam como “no pedal” também se leva a esperança, a fé e o anúncio do Evangelho.
Se no Brasil a bicicleta tem servido para animar festas de padroeiro, na Itália ela já virou uma marca registrada de um dos principais Cardeais do mundo: Matteo Zuppi, Arcebispo de Bolonha e presidente da Conferência Episcopal Italiana. Conhecido como o “Padre ciclista”, é comum vê-lo pelas ruas da cidade pedalando sua bicicleta, com a batina preta aos ventos, a caminho de encontros com os pobres, migrantes e comunidades marginalizadas.
Cardeal Matteo Zuppi e sua famosa bicicleta./Foto: reprodução Vanity Fair (Gabriele Fiolo)
Chamado de “Bergoglio italiano” pela imprensa, pela sua sintonia pastoral com Papa Francisco, Zuppi recusou o carro oficial e transformou a bicicleta em um símbolo do seu estilo despojado e próximo. Sua atuação lhe conferiu reputação de mediador habilidoso e de “autoridade moral até para não crentes”, como dizem analistas vaticanos.
Antes mesmo de chegar ao papado, Jorge Mario Bergoglio — Papa Francisco — também gostava de se locomover de bicicleta por Buenos Aires. Seu estilo simples e próximo da vida cotidiana inspira tantos padres e fiéis a apostarem na bicicleta como forma de evangelização e cuidado com o meio ambiente, tão caro à Doutrina Social da Igreja e à encíclica Laudato Si’.
Outra história interessante sobre duas rodas é a do Padre Jean Patrik, que em 2022 decidiu realizar uma peregrinação ciclística até o Santuário Nacional de Aparecida. Junto de outras sete pessoas, o Sacerdote percorreu 350 km de bicicleta e registrou todos os momentos em um diário publicado em série pelo portal.
A jornada começou com uma bênção na Catedral Nossa Senhora de Belém, em Guarapuava (PR), e seguiu até São Paulo, de onde partiram para o famoso Caminho da Fé, rumo à casa da Padroeira do Brasil.
“Foi uma experiência de superação, oração e encontro com Deus e com o outro, marcada pelo ritmo das pedaladas e pelo silêncio do caminho”, relatou o padre na época.
A aventura de fé com Padre Jean Patrik continua
Caminhos da fé: primeiro dia de pedalada
Caminho da Fé: segunda parte do percurso do desafio do Padre Jean Patrik
Como foi o terceiro dia de pedalada no Caminho da Fé
Quarto dia de pedalada no Caminhos da fé
De Luminosa a Campos do Jordão: quinto dia de bike no desafio Caminho da Fé
Você sabia que 3 de junho é o Dia Mundial da Bicicleta? Para levar a fé, passear, ir ao trabalho ou aos estudos, fica a sugestão de deixar esse meio de transporte fazer parte dos seus dias. Como brincou Padre Matheus no vídeo que rodou o Brasil: “segura na mão de Deus… e vai!”.
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