Neste tempo de instabilidade, a tristeza vem tomando proporções devastadoras na vida de muitos. E ela não deve ser considerada um mal apenas em si, mas também fonte de vários outros males. Essa “melancolia” possui desdobramentos que vão muito além do impacto sobre o desejo de agir e de realizar: ela pode ou não adquirir a forma de enfermidades, variações de humor e temperamento, e até de pecado.
Existem muitas doenças físicas, assim como patologias psíquicas e espirituais, que tornam as pessoas tristes. Não me refiro àquelas tristezas pontuais, que nos fazem ficar recolhidos em razão de perdas, separações, traições. Nesses casos, devemos vivenciar o luto em oração, até que as dores se curem. Quando não o fazemos, o desassossego aumenta e estoura lá na frente. Enfatizo, portanto, que a tristeza originada pelas perdas possui um caráter pontual, isto é, tem começo, meio e fim. Trata-se de um processo saudável, ainda que implique momentos de grande sofrimento. É o que ocorre, na pandemia, em razão do medo e de todas as suas consequências. Ela teve um começo, estamos passando pelo seu meio e, com a graça de Deus, chegaremos ao fim dessa situação. Agora, adentremos o terreno da tristeza prejudicial, aquela que corrói o nosso bem-estar – às vezes de forma silenciosa – até se instalar definitivamente. Está diretamente relacionada à nossa ansiedade em relação ao que virá. Hoje estamos bem, mas nós mesmos criamos um imperativo futuro e não vivemos o presente. Como será o amanhã? Melhor? Pior?
É preciso reagir! Mas como? Primeiramente, buscando tratamento para o corpo e para a alma. Afinal, uma ferida não curada infecciona. Ao mesmo tempo, temos de emergir da tristeza e mergulhar na fonte da vida: Deus. Ninguém pode morar na tristeza. É preciso erguer-se e aqui deixo algumas dicas:
1) Não viva em função do que está por vir; encontre uma razão para viver o hoje.
2) Estabeleça momentos de alegria mais próximos; acorde de manhã com um motivo para se levantar da cama.
3) Mesmo em isolamento, trabalhe em casa e arrume-se para você mesmo.
4) Cuide para não proferir frases de infelicidade e tormento (evite reproduzir palavrões, maldições etc.), pois isso só reforça o pessimismo e o negativismo. Não sejamos profetas da desgraça.
5) Não se deixe levar pela obrigação de corresponder às expectativas alheias. A conta “daquilo que os outros vão pensar” é muito cara. Jesus nunca se preocupou em fazer algo buscando estritamente a aprovação alheia: caso contrário, não teria feito nada. Mas se equivoca quem imagina que isso significa apertar o botão do “dane-se”!. O limite da liberdade é a compaixão e o respeito pelo próximo, a quem Jesus amou acima de tudo. Ele era livre, sim, porém esse estado vinha acompanhado de maturidade. Cristo não agia para impressionar ou satisfazer o próprio eu. Aliás, quanto mais somos reféns do nosso ego, mais buscamos a aprovação dos outros.
Acima de tudo, para vencer o mal da tristeza é necessária a alegria da esperança. A esperança é a grande e fundamental virtude para combater a tristeza e superar os momentos de incertezas. Como dizem os jovens, ela “dá um gás”, uma energia motivacional à nossa vida.
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