+ Despertar + Você

É “normal” mentir?

IDe+
01/04/2021

Cliques 777

“Mas é só uma mentirinha para facilitar”! Quantas vezes não pensamos dessa maneira? Assim ela vai se tornando parte do dia a dia e pode deixar de ser considerada um erro, afinal há até dia dedicado a brincar com a data – o famoso 1° de abril.

Porém, não é isso que a Bíblia diz. Na Palavra Sagrada, a mentira está muito longe de ser tratada com algo natural e o mal está presente desde a sua origem. “Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é mentiroso e pai da mentira” (João 8,44).

Dessa maneira, quem se adapta e vive no engano da mentira age muito diferente do que o Senhor ensina, que é viver na verdade e com coração puro. “E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8,32).

Padre Reginaldo Manzotti explica que mentir é pecado e age como um vício com efeitos perigosos para si mesmo e para toda a sociedade, devastadores tanto para o psicológico quanto para o mundo espiritual. “Deus espera que cada um dos seus filhos viva na verdade”, alerta.

No livro “Ser cristão no dia a dia” (editoria Agir, 2013), o Sacerdote explica que o ser humano tende naturalmente à verdade, que deve ser a base de tudo. “Porém, existem pessoas que, às vezes por uma compulsão, mesmo podendo falar a verdade, preferem mentir. Se a mentira vem da fraqueza, é o nosso dever como cristãos corrigir na fraternidade e ajudar no crescimento dos nossos irmãos, pois estamos todos na mesma caminhada”.

E para inspirar a mão estendida ao próximo, basta lembrar do apóstolo Pedro, que mentiu ao responder que não conhecia Jesus não apenas uma, mas três vezes (Mateus, 26,69-70). Ele refletiu, se arrependeu, refez seu caminho e todos os cristãos têm muito a agradecer ao Santo cheio de amor pela Boa-Nova.

Mas por que as pessoas mentem?

Insegurança, necessidade de autoafirmação ou de chamar atenção, carência, dificuldade de lidar com regras e autoproteção estão entre os motivos mais apontados. Outro bastante é presente é a simples vontade de não provocar ou de não postergar uma situação desconfortável. São diversas as possibilidades ou motivações, das mais simples às mais graves.

A psicóloga Maria Clementina Menghini lembra que ninguém nasce sabendo mentir. Porém, muito cedo, as crianças já começam a ver o comportamento mentiroso dentro de casa e a assimilar aquilo como algo normal, rotineiro. Quando os pais ou responsáveis, por exemplo, não querem atender a um telefonema e dizem que não estão. A criança, mesmo em sua inocência e pouca vivência, já entende que aquilo não é o real e faz suas interpretações baseadas no erro ou começa a repetir o que vê.

Por isso, “é fundamental que os pais saibam educar e direcionar os filhos sobre os problemas que a mentira pode causar e como é preferível optar pela sinceridade”, aconselha Sociedade Brasileira de Inteligência Emocional (SBIE). Também é possível que o ator de mentir vire algo inconsciente.

Segundo a SBIE, algumas pessoas não conseguem ter uma vida sem mentiras, como uma espécie de dependência. Normalmente, não medem consequências para manter o que foi dito, sem nenhum compromisso com a verdade, e não se importam se alguém está sendo prejudicado.

Mitomania

Embora sempre seja errado optar pela mentira, há níveis ou graus de preocupação que devemos ter com as pessoas que mentem. Há um distúrbio de personalidade que faz as pessoas mentirem compulsivamente chamado mitomania. Quem está nesse quadro mente com frequência e entra em um ciclo em que as falsas histórias acabam se tornando um estilo de vida: é a mentira compulsiva. Também chamado de mentira patológica e pseudologia fantástica.

E o que devemos fazer ao observar esse comportamento em outra pessoa ou em nós mesmos? Aproxime-se e tente instruir e ajudar a buscar as ajudas adequada. Sob o olhar cristão, sugira a busca de um direcionamento espiritual, que pode ser feito por Padre, religiosa ou mesmo leigo capacitado para isso. Do ponto de vista da saúde mental, é importante procurar profissionais das áreas da psicologia e psiquiatria, que saberão conduzir os tratamentos certos para que essas pessoas possam ser encaminhadas à rota da verdade e de uma visa saudável plena.